sexta-feira, 4 de junho de 2010

nutriçao


Não importa o tipo de esporte que estamos falando, seja Salto, CCE, Enduro, Cavalgadas, Provas de Trabalho e Rédeas, quando queremos alimentar um cavalo de esporte, nutricionalmente falando, as bases de sua dieta são as mesmas. O que vai diferenciar é a quantidade de nutrientes, principalmente energéticos, e a qualidade dos suplementos que devemos oferecer ao animal.

A Performance Esportiva é fruto de 03 fatores:

GENÉTICA x TREINAMENTO x ALIMENTAÇÃO

GENÉTICA:
Primeiramente feita pela Natureza nos milhões de anos de adaptação das espécies até o padrão atual.

Mais recentemente, feita pelo homem para adaptar o cavalo às suas necessidades e desejos. Como por exemplo, o cavalo quarto de Milha, selecionado para a distância de 402 metros, imbatível nesta corrida, ou nas provas de rédeas e trabalho; os cavalos Campolina e Mangalarga Marchador, selecionados pela sua comodidade; os cavalos Anglo-Árabe selecionados pela sua resistência e leveza em transpor obstáculos; etc.

Mas o trabalho da genética se encerra no momento em que uma égua emprenha de um garanhão, iniciando-se assim, a gestação do potro.

TREINAMENTO:
O treinamento de cavalos para esporte é específico para cada esporte e deve ser delegado a profissionais especializados. Alguns cuidados gerais devem ser tomados para que se possa alcançar a melhor performance e grande longevidade (o cavalo compete até idade mais avançada).

Antes do treinamento, a doma deve se bem feita e iniciada após os 36 meses de idade, quando as estruturas do cavalo já estão bem consolidadas.

Após a doma, iniciar trabalhos de adestramento básico é muito importante para que o cavalo aprenda a responder rapidamente aos comandos do cavaleiro.

Deve-se iniciar o treinamento com trabalho cerca de 03 vezes por semana, 20-30 minutos diários e ir aumentando gradativamente.

O treinamento mínimo para competição deve ser de 18-24 meses, dependendo das condições do animal.

Este período mínimo de treinamento é devido à adaptação que as estruturas do cavalo devem ter para suportar uma competição, e este período de adaptação das estruturas é variável:

Pulmão, Coração e Músculos: 2 a 3 meses.
Tendões, Ligamentos e Articulações: 6 a 12 meses.
Ossos: Até 03 anos.
A grande dificuldade de se aguardar o período necessário para se iniciar a competição, é que os parâmetros utilizados para observarmos se o animal está em bom estado atlético é a observação de batimento cardíaco, freqüência respiratória e musculatura, que se adaptam rapidamente às condições de competição. Enquanto que, as estruturas que sofrem alto impacto em uma competição, tendões, ligamentos e articulações, demoram até um ano para estarem aptas.

ALIMENTAÇÃO:
A alimentação do cavalo de esporte deve ser adaptada conforme as exigências. A dieta deve ser balanceada e equilibrada, suprindo as necessidades do cavalo sem deficiências nem excessos.

Alguns fatores individuais devem ser levados em consideração quando da determinação das necessidades de cada animal. Mesmo através da utilização de tabelas de necessidades específicas conforme o esforço do animal, o oferecimento de uma suplementação concentrada deve ser feito levando-se em consideração:

Raça do Animal : algumas raças têm aproveitamento mais eficiente que outras (raças pesadas possuem melhor conversão alimentar que raças mais leves)
Temperamento : animais com temperamento mais nervoso possuem necessidades maiores que animais mais calmos.
Digestibilidade Individual : variação de indivíduo para indivíduo. (ate15% de variação)
Clima : 10 a 20 % de variação.
Baia ou pastagem : animais estabulados têm restrição no fornecimento de volumoso, o que pode aumentar as necessidades de concentrado.
Estado Geral : muito importante ao se avaliar as necessidades do animal em função também do peso, pois se o animal estiver muito magro devemos superestimar suas necessidades até ele obter o peso ideal. O contrário também ocorre, isto é, se o animal estiver acima do peso, devemos fazer com que emagreça até o peso ideal e estimarmos novamente suas necessidades.
As necessidades básicas são de Energia, Minerais e Proteína.

Podemos também necessitar de alguns tipos de suplementos específicos e indicados por um profissional qualificado.

ENERGIA

As necessidades energéticas são as mais importantes, pois é a base fundamental para uma boa performance esportiva.

Devemos fornecer uma quantidade adequada de energia, de fonte facilmente assimilável pelo cavalo, isto é, que não gaste muita energia para ser aproveitada (Energia Líquida Alta). A quantidade de energia líquida a ser fornecida é variável, dependendo principalmente da quantidade do esforço a que o cavalo é submetido (horas/dia). Em animais de esforço intenso, as necessidades energéticas dobram em relação à manutenção. (7,5 a 8 UFC/dia para um cavalo de 450 kg em esforço intenso e 4 a 4,5 UFC/dia para manutenção).

Devemos tomar cuidado com o aporte vitamínico suficiente para absorção dos ácidos graxos (energia) contidos na alimentação.

Nas transições alimentares, devemos evitar o aumento excessivo de energia através de gordura na ração nas três semanas que antecedem uma competição, pois é necessário um período mínimo de trinta dias para que o animal esteja adaptado ao novo alimento.

Rações muito ricas em energia, como com cereais com 60-70% de amido acarretam enormes problemas. O intestino delgado não pode digerir todo o amido contido nos cereais, é o intestino grosso que recupera o excesso com as seguintes complicações:

Fermentações Microbianas
Timpanismo / Formação de Gases
Diarréia / Queda do Tônus Digestivo
Dilatação do Ceco - Cólicas
Degeneração Cardíaca, Hepática e Renal
Dismicrobismo - Laminite
Além disso, o excesso de ácidos graxos essenciais (energia) na alimentação impede a absorção normal de Magnésio, mineral responsável pelo relaxamento da musculatura. Portanto, em dietas muito energéticas para animais que não necessitem de tanta energia, haverá indisponibilidade de Magnésio, dificultando o relaxamento da musculatura deste animal. O animal “trava” a musculatura. Outros efeitos desfavoráveis dos excessos de energia são descritos na Tabela anexa.

Devemos tomar certos cuidados no fornecimento de energia ao animal para que esta não esteja em excesso, pois pode prejudicar o desempenho do animal.

MINERAIS

Os minerais necessários em quantidade mais elevada e que devem ser suplementados na alimentação são os eletrólitos (Cloro, Sódio, Potássio, Cálcio e Magnésio).

Esta suplementação depende da intensidade do esforço e varia de animal para animal.

PROTEÍNA

Em primeiro lugar devemos ressaltar que o trabalho muscular não é condicionado ao consumo de proteína, mas de energia.

Estamos falando de animais de esporte, portanto animais adultos, já formados e não em reprodução. Portanto sua dieta deve ter um limite de proteína para que não haja queda na Performance Esportiva.

As necessidades protéicas dos cavalos de esporte são pequenas (500 a 700 g/dia de Proteína Líquida) quando comparadas às necessidades de éguas em reprodução, que podem chegar a 1200 a 1400 g/dia.

Lembre-se que os excessos de proteína podem comprometer a boa performance do animal (quadro anexo).

Muita atenção deve ser dada à escolha do alimento, devendo-se evitar confundir qualidade de proteína com excesso. Devemos ainda evitar as matérias primas ricas em proteína, como soja e alfafa.

Uma complementação concentrada ideal não deve jamais ultrapassar os 12% de proteína bruta (10% de proteína líquida), e a dieta total diária não deve ultrapassar os 12% de Proteína Líquida.

Em todos estes casos, devemos valorizar o fornecimento de alimentos de alta qualidade, onde possamos administrar uma menor quantidade de alimento para suprir as necessidades do animal.

EXCESSOS DE PROTEÍNA na dieta causam Aumento da Flora Patogênica no Intestino Grosso, com conseqüente:

Enterotoxemia
Problemas Hepáticos
Emagrecimento
Problemas Renais
Má Recuperação após o Esforço
Transpiração Excessiva (perdas excessivas de Eletrólitos)
Cólicas e Timpanismo
Dismicrobismo, podendo levar a quadros de Laminite
A grande dificuldade de se avaliar realmente os malefícios dos excessos (energéticos, protéico ou mineral) é que isto não ocorre da noite para o dia, mas demora certo tempo (6 até 18 meses), o que dificulta o correto diagnóstico de erro no manejo alimentar.

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